X

Whatsapp Chat

Crianças autistas melhoram comportamento com canabidiol

Infância é época de alegria e muitas brincadeiras! Mas a diversão só estará garantida se a criança estivar saudável, participativa, interativa e comunicativa, se relacionando e respondendo aos estímulos. Essa é uma preocupação constante dos pais e familiares especiais: garantir a saúde completa das crianças.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças conviva com o transtorno do espectro autista (TEA). Com base em estudos epidemiológicos realizados nos últimos 50 anos, a prevalência de TEA parece estar aumentando globalmente. A ciência e a conscientização sobre o tema têm expandido os critérios diagnósticos, e hoje dispomos das melhores ferramentas de diagnóstico e o aprimoramento das informações reportadas.

O TEA se caracteriza por algum grau de comprometimento no comportamento social, comunicação, linguagem e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. A condição já é aparente na infância e persiste na adolescência e idade adulta.

Na maioria dos casos, o diagnóstico se dá durante os primeiros 5 anos de vida. Pessoas com TEA podem apresentar outras condições concomitantes, incluindo epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

As intervenções baseadas em evidências, como o tratamento comportamental, programas de treinamento de habilidades para pais e tratamento medicamentoso podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social, com impacto positivo no bem-estar e qualidade de vida das crianças autistas e seus cuidadores.

Pesquisas mostram que o canabidiol (CBD) é muito promissor para o TEA. O composto auxilia especialmente crianças na parte comportamental, sociabilização, sono, ansiedade, com poucos efeitos colaterais. Acompanhe comigo os dados de duas publicações.

61% dos pacientes melhoraram, mostra estudos de Israel

Nesse estudo clínico retrospectivo foi avaliada a tolerância e a eficácia da administração de um produto de cannabis rico em CBD na forma de extrato oleoso com absorção sublingual, administrado de modo complementar ao tratamento farmacoterapêutico já realizado por cada paciente.

Participaram ao todo do estudo 60 crianças com idade média de 12 anos, diagnóstico de TEA e problemas comportamentais graves e refratários. Todos os pacientes eram atendidos por um centro de saúde localizado em Jerusalém.

Destes, 83% eram meninos e a eficácia do tratamento foi avaliada através da escala clínica Caregiver Global Impression of Change. Os resultados mostraram que houve melhora no comportamento de 61% dos pacientes. Já uma criança do sexo feminino apresentou sintomas de psicose e o tratamento foi descontinuado.

O objetivo do trabalho foi reportar a experiência dos pais que administraram, com supervisão profissional, produtos de cannabis em seus filhos diagnosticados com TEA. Assim, nesse estudo clínico observacional, 53 pacientes com TEA, com a anuência do ministério da saúde de Israel receberam extrato de cannabis rico em CBD, por via oral, contando com a supervisão de enfermeiras e seus tutores.

Os pais responderam formulários específicos de modo a avaliar as principais comorbidades do TEA. O tratamento com o extrato de cannabis durou em média 66 dias, e os dados dos pacientes mostraram uma redução significativa do comportamento agressivo e de episódios de automutilação. Foi ainda observado melhora no comportamento de hiperatividade, distúrbios do sono e ansiedade. Dentre os efeitos colaterais, esses foram considerados leves, sendo relato principalmente sonolência e alterações no apetite.

A garantia de brincadeiras bem divertidas, aprendizado e ótima saúde passam pela informação e cuidados. O produto de cannabis utilizado e recomentado nas condições do TEA é medicinal e deve sempre ser via recomendação e supervisão médica.

adriana-mslEscrito por Adriana Grosso

Medical Science Liaison, MSL, na HempMeds Brasil.

 

 

 

REFERÊNCIAS

  • Transtorno do espectro autista – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde (paho.org) Visualização em 11/10/2022
  • Aran A, Cassuto H, Lubotzky A, Wattad N, Hazan E. Brief Report: Cannabidiol-Rich Cannabis in Children with Autism Spectrum Disorder and Severe Behavioral Problems-A Retrospective Feasibility Study. J Autism Dev Disord. 2019 Mar;49(3):1284-1288. doi: 10.1007/s10803-018-3808-2. PMID: 30382443.
  • Barchel D, Stolar O, De-Haan T, Ziv-Baran T, Saban N, Fuchs DO, Koren G, Berkovitch M. Oral Cannabidiol Use in Children With Autism Spectrum Disorder to Treat Related Symptoms and Co-morbidities. Front Pharmacol. 2019 Jan 9;9:1521. doi: 10.3389/fphar.2018.01521. PMID: 30687090; PMCID: PMC6333745.
  • Pretzsch CM, Freyberg J, Voinescu B, Lythgoe D, Horder J, Mendez MA, Wichers R, Ajram L, Ivin G, Heasman M, Edden RAE, Williams S, Murphy DGM, Daly E, McAlonan GM. Effects of cannabidiol on brain excitation and inhibition systems; a randomised placebo-controlled single dose trial during magnetic resonance spectroscopy in adults with and without autism spectrum disorder. Neuropsychopharmacology. 2019 Jul;44(8):1398-1405. doi: 10.1038/s41386-019-0333-8. Epub 2019 Feb 6. PMID: 30758329; PMCID: PMC6784992.
  • Ganesh A, Shareef S. Safety and Efficacy of Cannabis in Autism Spectrum Disorder. Pediatr Neurol Briefs. 2020 Dec 24;34:25. doi: 10.15844/pedneurbriefs-34-25. PMID: 33376294; PMCID: PMC7759327.