Cannabis com fins medicinais no tratamento de pessoas com deficiência intelectual e múltipla
27 de agosto de 2021 | publicado em
Estamos na Semana Nacional da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, que acontece todos os anos entre os dias 21 e 28 de agosto, desde 1964. O objetivo é jogar luz na defesa dos direitos de todos os deficientes e conscientizar a população em busca de uma sociedade mais inclusiva e que respeita todos os seres igualmente. A Cannabis com fins medicinais pode contribuir com esses pacientes? Confira no texto dessa semana.
A Camila Chain é mãe do Arthur, de seis anos, que tem autismo e a síndrome rara de Cri-du-chat:
“Ele sempre foi uma criança muito calma, tranquila, feliz. O Arthur frequenta a escola desde 1 ano de idade, gosta muito de passear, de parques, shoppings, de lugares abertos, de pessoas”, conta Camila.
O Arthur começou o tratamento com CBD (canabidiol) pelos efeitos da pandemia do coronavírus na rotina dele.
“Ele tem sofrido muito pela falta de passeios, pela falta da escola, pelo distanciamento da família e dos amigos. Com isso, o Arthur no ano passado começou a apresentar episódios de agressividade, automutilação e transtorno de ansiedade”, explica a mãe dele.
Testes
Camila explica que o filho nunca usou nenhum tipo de medicação para controle de ansiedade anteriormente:
“Nem para controle de comportamento nem para controle de ansiedade nem para dormir, para nada! Porém, com esses episódios de ansiedade e agressividade nós testamos medicação, não gostamos do resultado e, então, a nossa neuropediatra decidiu fazer um teste nele com o canabidiol”, detalha Chain.
Em dois meses de tratamento com o óleo de CBD, a família já percebe avanços na parte cognitiva da criança:
“Nós percebemos um ganho cognitivo muito grande. Hoje, o Arthur compreende comandos que ele não compreendia antes. Ele segue orientações, tem feito atividades que ele não fazia. O Arthur é uma criança não verbal e tem tentado formas alternativas de comunicação, que eram muito difíceis para ele antes”, revela Camila.
Eficácia
Pesquisadores do Murdoch Children’s Research Institute, instituto australiano de pesquisa médica pediátrica, encontraram resultados promissores sobre o uso do canabidiol, o CBD, na redução de quadros de irritabilidade, agressividade e autolesão relacionados à deficiência intelectual. Os participantes que receberam o tratamento com CBD demonstraram redução na escala ABC-I, que mede a severidade da irritabilidade. Além dos resultados em si, o estudo se destaca por não apresentar efeitos colaterais significativos, apontando segurança no tratamento dos pacientes.
A semana
A Fernanda Rodrigues é mãe do Miguel, de 11 anos, que tem síndrome de down e síndrome de Moya-moya, e trabalha no time de acolhimento ao paciente da HempMeds. Ela falou sobre a Semana Nacional da pessoa com deficiencia intelectual e múltipla.
“É super importante pra gente incentivar ações de integração social e poder trazer informação que eu acho que é a ferramenta mais importante para uma sociedade. [É importante] A gente ter informação de qualidade, falada por médicos, falada por pessoas que vivem isso diariamente e que possam contribuir para a desconstrução deste preconceito tão enraizado na vida da gente e trazer uma sociedade mais inclusiva, mais completa”, afirma Fernanda.
Para a Camila Chain, participação e envolvimento de toda a sociedade é fundamental:
“Para nós, pais e familiares de crianças com deficiência, é sempre uma data muito importante. Porque é um momento em que todas as pessoas estão dispostas a colaborar, a participar e a falar sobre um assunto que ainda é um tabu, que é a deficiência em criança. Então, é sempre importante mostrar a cara, falar sobre a deficiência, ter orgulho de tudo que nossos filhos conquistam mesmo com a deficiência. E quem sabe a gente consiga cada vez mais divulgação para as síndromes raras, que é o nosso caso”, conclui Camila Chain.