A Cannabis medicinal pode melhorar sua memória?
21 de agosto de 2020 | publicado em
“Cannabis acaba com a memória”: quem nunca escutou essa afirmação, que atire a primeira pedra. Esse é um dos grandes tabus que envolvem o universo da Cannabis, muito ligado á propagandas proibicionistas que associavam o uso da planta com a morte de neurônios. Mas novos avanços na ciência podem trazer evidências que não só derrubam essa hipótese, como também mostram benefícios dos canabinoides para a nossa memória.
Pesquisadores da UCL, University of College London, na Inglaterra, encontraram importantes evidências que apontam que o canabidiol ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo em diferentes áreas do cérebro, incluindo o hipocampo – área responsável pela memória e pelas emoções: “Há evidências de que o CBD pode ajudar a reduzir os sintomas de psicose e ansiedade. Agora existem algumas evidências que sugerem que o CBD pode melhorar a função da memória”, explica o Dr. Michael Bloomfield, principal autor do estudo.
Além disso, os resultados apontam que o canabidiol também aumenta o fluxo sanguíneo em áreas como o córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões e planejamento.
Segundo Bloomfield, esse é o primeiro estudo que investiga o papel do CBD na irrigação de áreas cerebrais responsáveis pelo processamento da memória: “Isso apóia a idéia de que o CBD exerça efeitos sobre o fluxo sanguíneo de maneira distinta em regiões específicas do cérebro humano, o que foi anteriormente contestado”, diz.
A pesquisa traz importantes evidências para tratamentos de patologias cujos sintomas afetam de forma drástica a memória dos pacientes, como o Alzheimer e transtorno do estresse pós-traumático:
“Se replicados, esses resultados podem levar a pesquisas adicionais em uma gama de condições caracterizadas por mudanças em como o cérebro processa as memórias, incluindo a doença de Alzheimer, onde há defeitos no controle do fluxo de controle do sangue, além de esquizofrenia e transtorno do estresse pós-traumático”.
Como o estudo foi conduzido?
O estudo clínico foi controlado e randomizado, no qual foram dados aos participantes 600mg de CBD ou de placebo em diferentes ocasiões, separadas por pelo menos uma semana. A escolha do momento em que os participantes utilizavam o canabidiol ou o placebo foi feita sem que estes soubessem.
A pesquisa da University of College London utilizou 15 adultos com pouco ou nenhum histórico de uso da Cannabis. O fluxo sanguíneo cerebral de cada paciente foi avaliado pelos pesquisadores através de uma técnica de ressonância magnética que mede as mudanças no nível de oxigênio do sangue.
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