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Como a Cannabis medicinal contribui no tratamento do câncer?

4 de fevereiro marca o Dia Mundial de combate ao câncer. Criada em 2000, a data é uma iniciativa da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) e tem apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo da campanha é aumentar a conscientização e a educação mundial sobre a doença. Nesse sentido, é importante abordarmos a contribuição já comprovada da Cannabis medicinal para o tratamento do câncer e os estudos que ainda estão sendo desenvolvidos.

Um paciente em tratamento oncológico quimioterápico sofre diversos efeitos colaterais. Isso ocorre por se tratar de uma terapia muito agressiva, que ataca células que estão em rápida divisão e crescimento. Devido a não especificidade e direcionamento do fármaco para que atinjam apenas células tumorais, os medicamentos utilizados em um coquetel quimioterápico também podem causar danos às células sadias, principalmente as que estão em divisão mais acelerada, por isso é comum que os cabelos sejam visivelmente afetados.

Dentre os efeitos colaterais, destacam-se náuseas intensas, perda de apetite, dores, fadiga, irregularidade do sono, enfraquecimento do sistema imunológico, além dos sintomas causados pelo próprio desenvolvimento da doença em si. Tudo isso deixa o paciente ainda mais debilitado, com menos força para enfrentar o dia a dia e a própria doença.

Estratégias de melhoria na qualidade da vida podem ser fundamentais como coadjuvantes no sucesso da terapia oncológica. Nesse sentido, o uso dos canabinoides pode combater os sintomas descritos devido ao potencial antiemético, estimulante de apetite, analgésico, sedativo e imunomodulador.

Mas vem surgindo aí uma outra perspectiva da utilização dos canabinoides na oncologia. Evidências pré-clínicas vem sendo construídas acerca do potencial dos canabinoides para além dos cuidados paliativos, atuando diretamente na origem da doença. Estudos em células (in vitro) e em animais (in vivo), vem mostrando a capacidade de alguns canabinoides isolados e extratos complexos de provocar a morte de células tumorais, enquanto mantem intactas as células sadias. Contudo, devemos ter muito cuidado ao fazer afirmações como “canabinoides curam câncer”, pois existe uma distância muito grande entre resultados laboratoriais experimentais e uma eventual cura da doença.

Sabendo do tão conhecido efeito comitiva observados nos extratos completos de Cannabis (efeito entourage) e de sua frequente superioridade terapêutica em comparação aos canabinoides isolados em outros modelos, era de se esperar que para nos modelos oncológicos a resposta não seria diferente: estudos demonstraram que os extratos ricos em canabinoides e outros componentes aparentemente configuram uma opção mais vantajosa no tratamento de neoplasias do que a utilização dos componentes isolados.

Também é possível encontrar diversos relatos anedóticos de pessoas que utilizaram produtos à base de Cannabis em seus tratamentos e obtiveram um resultado positivo. Apesar de animar cientistas e entusiastas, outro ponto de atenção deve ser salientado: resultados isolados não tem o mesmo peso científico de um estudo amplo e controlado. Não é porque funcionou para um, que funcionará para o outro. Além disso, muitos desses pacientes acabam passando por mudanças radicais em seus estilos de vida junto à administração dos canabinoides. Mudanças nos hábitos alimentares, prática de exercícios físicos, abandono de comportamentos de risco, entre outros fatores, também podem ser fundamentais para a evolução do quadro do paciente.

Esperança

Apesar de ser um pouco mais difícil de se avaliar os efeitos diretos de canabinoides em tumores se comparados a uma redução no número de crises convulsivas diárias de um paciente epiléptico, é fato que a medicina canabinoide vem ganhando espaço no tratamento do câncer. Dentre as centenas de resultados experimentais promissores, é dever da ciência continuar seu papel investigativo em busca de uma conclusão mais assertiva que poderá oferecer tanto uma melhoria na qualidade de vida do paciente quanto caminhos para uma possível cura de um tumor.

De maneira geral, as possibilidades citadas somadas ao perfil altamente seguro dos derivados de Cannabis indicam que os canabinoides têm o potencial de se tornarem importantes aliados na terapia antitumoral, não só nos cuidados paliativos, mas também na origem da doença.

Nosso time de especialistas já escreveu sobre a relação da Cannabis medicinal com alguns tipos de câncer.

Confira mais detalhes nos links:

Canabinoides aplicados ao câncer de mama

Canabinoides aplicados ao câncer de próstata

Canabinoides para tratamento do câncer de pele

 

Escrito por Gabriel Barbosa – Analista de P&D da HempMeds Brasil.