Comportamento: Cannabis medicinal pode ajudar crianças com deficiência intelectual
14 de agosto de 2020 | publicado em
De um lado, a irritabilidade, agressividade e autolesão relacionados à deficiência intelectual. Do outro, medicamentos que apresentam diversos efeitos colaterais no corpo humano. Neste contexto, como ajudar crianças e jovens com problemas comportamentais relacionados à DI? Segundo um estudo piloto realizado na Austrália, a resposta pode estar na Cannabis medicinal.
Pesquisadores do Murdoch Children’s Research Institute, instituto australiano de pesquisa médica pediátrica, encontraram resultados promissores sobre o uso do canabidiol, o CBD, na redução de quadros de irritabilidade, agressividade e autolesão relacionados à deficiência intelectual. Segundo o professor Daryl Efron, um dos autores, é a primeira pesquisa que busca entender de forma aprofundada o controle desse tipo de sintoma em crianças e jovens com DI.
Os participantes que receberam o tratamento com CBD demonstraram redução na escala ABC-I, que mede a severidade da irritabilidade. Além dos resultados em si, o estudo se destaca por não apresentar efeitos colaterais significativos, apontando segurança no tratamento dos pacientes. Esse tipo de sintoma é geralmente tratado utilizando medicamentos como antidepressivos e antipsicóticos, que geralmente possuem efeitos mais graves, como a própria dependência química:
“Os medicamentos atuais apresentam um alto risco de efeitos colaterais, com pessoas vulneráveis com deficiência intelectual sendo menos capazes de relatá-los. Os efeitos colaterais comuns dos antipsicóticos, como ganho de peso e síndrome metabólica, têm enormes efeitos na saúde de um grupo de pacientes com risco aumentado de doenças crônicas”, diz a pesquisa.
Segundo o professor Daryl, os problemas comportamentais relacionados à DI também são um dos principais fatores para a redução da qualidade de vida de pacientes, o que amplia a importância de pesquisas com esse foco.
Como o estudo foi conduzido?
A pesquisa envolveu 8 participantes com idades entre 8 e 16 anos, selecionados de clínicas pediátricas. Durante 8 semanas, os grupos de controle e teste foram tratados utilizando óleos ricos em canabidiol e placebo. Após esse período, foram avaliados para entender qual dos grupos apresentou melhora nos quadros comportamentais.
Apesar do estudo ainda ser piloto e o número de participantes pequeno, os indícios apresentadas são importantes para trazer esperança aos pacientes e famílias. De acordo com os pesquisadores, um estudo em larga escala pode trazer resultados mais definitivos e que podem auxiliar médicos nos tratamentos de seus pacientes.
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