Diante do agravamento da pandemia do coronavírus, convidamos o Dr. Rubens Wajnsztejn, nosso executivo responsável pela área médica (Chief Medical Officer – CMO), para responder os principais questionamentos sobre o tema. Professor há mais de três décadas dos cursos de medicina do Centro Universitário Saúde ABC, o Dr. Rubens é neuropediatra, especialista em autismo e prescrição de produtos à base de Cannabis para fins medicinais.
O que é coronavírus?
O coronavírus é uma família de vírus causadora de diversas infecções, inclusive em seres humanos. Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China, surgiu uma nova cepa de coronavírus, identificada depois como o novo coronavírus (COVID-19). Ele pode causar desde uma infecção leve, como uma simples gripe, até infecções graves, que podem matar.
Quais órgãos o coronavírus ataca?
Como o COVID-19 é transmitido por secreções diversas, o principal órgão afetado é o pulmão. A maior parte do crescimento do vírus ocorre nas chamadas células epiteliais (revestimento). Ocasionalmente, o fígado, rins, coração ou olhos podem ser infectados, bem como outros tipos de células. Existe a possibilidade de infecção de outros órgãos que seriam situações mais raras.
Vírus e outros agentes infecciosos apresentam o que é chamado de “tropismo hospedeiro”, “tropismo tecidual”, ou “tropismo celular”. Essa característica refere-se à forma como diferentes vírus e agentes evoluem para infectar os diferentes órgãos de seres vivos.
Quais doenças são causadas pelos coronavírus?
Destaco a SARS, a síndrome respiratória aguda grave, causada pelo vírus SARS-CoV, que teve seus primeiros registros de casos no ano de 2002, na China. A SARS causou a morte de cerca de 800 pessoas até ser controlada, no ano de 2003. Outra doença é a MERS (do inglês, Middle East Respiratory Syndrome), a síndrome respiratória do Oriente Médio, causada pelo vírus MERS-CoV, que teve seus primeiros casos notificados em setembro do ano de 2012, na Arábia Saudita.
Quais os sintomas do novo coronavírus?
Ele apresenta um período de incubação, assintomático, que varia entre 3 e 12 dias. Quando causa infecções brandas, seus sintomas assemelham-se aos de resfriados e gripes, como espirros, tosse, coriza e febre. Entretanto, eles também causam infecções mais severas, como já citado, que podem desencadear pneumonia, insuficiência respiratória aguda, lesões pulmonares e até óbito.
Por que quem tem doenças crônicas faz parte do grupo de risco do novo coronavírus?
As doenças crônicas acompanham o indivíduo durante um tempo da sua vida (no mínimo, 3 meses e, em geral, acima de 6 meses) e, em muitos casos não há cura, apenas tratamentos periódicos, tornando-se assim um agravante no bem-estar e qualidade de vida do indivíduo.
Apesar de uma doença crônica não ser uma emergência, ela pode ser extremamente séria em determinadas doenças respiratórias, como as causadas pelo coronavírus, as cardiovasculares e outras.
Exemplos de doenças crônicas são:
- AIDS
- Alergias
- Alzheimer
- Asma (uma das doenças crônicas mais comuns em crianças)
- Autismo
- Diabetes Mellitus
- Doenças autoimunes
- Doenças genéticas
- Epilepsia
- Esclerose Múltipla
- Hipertensão Arterial
- Parkinson
- Tumores
E por que os idosos fazem parte do grupo de risco?
O sistema de defesa do organismo vai se aperfeiçoando na infância e se torna mais eficaz na adolescência e vida adulta. A partir dos 45 anos de idade, pode apresentar uma diminuição da sua eficiência, que fica mais evidente após os 60 anos e que reduz ainda mais após os 80 anos. Isso que temos observado na pandemia atual, com óbitos registrados, especialmente, entre idosos.
Como é feito o diagnóstico do coronavírus?
Para a confirmação do diagnóstico, deve ser realizado exame laboratorial específico para coronavírus, incluindo o sequenciamento do genoma viral. O teste para o coronavírus deve ser feito nas pessoas que apresentem sintomas da doença, em particular, o estado febril em pacientes com doenças crônicas.
É importante destacar que os pacientes devem ser mantidos em isolamento enquanto apresentarem sinais e sintomas da doença ou nos casos que tiveram contato com doentes do COVID-19.
É possível tratar o coronavírus?
Ainda não existe um tratamento específico para infecções causadas pelo coronavírus. Assim, o tratamento consiste em repouso, ingestão de bastante líquido e medidas para aliviar os sintomas. Em casos mais graves, deve-se incluir suporte de terapia intensiva.
Como podemos nos prevenir do novo coronavírus?
A prevenção contra as infecções por coronavírus pode ser realizada por meio de cuidados básicos, como:
- evitar contato próximo com pessoas que estejam doentes;
- higienizar as mãos com frequência, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de alimentar-se;
- cobrir a boca e o nariz ao tossir e espirrar, preferencialmente, com lenços descartáveis, lavando as mãos em seguida;
- não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres;
- manter os ambientes bem arejados; e
- evitar viajar e se deslocar para locais de risco.
Como posso fortalecer meu sistema imunológico?
O fortalecimento do sistema imunológico é importantíssimo, feito principalmente por hábitos saudáveis, como alimentação, sono adequado, higiene rigorosa e manutenção do organismo em equilíbrio, especialmente, para os indivíduos que fazem uso de medicações para as doenças crônicas citadas. Quando essas doenças não estão controladas, isso irá se refletir nas defesas do corpo, tornando-o mais vulnerável às infecções.
Este fator determina que indivíduos portadores de doenças crônicas apresentem risco maior para o COVID-19, dependendo de fatores individuais, em especial a sua resistência diante de infecções. Quando estou diante de pessoas que frequentemente ficam doentes, isso tem correspondência direta com o sistema imunológico de cada um e portanto, esses indivíduos deverão ter um cuidado extra com o contato.
O que os pacientes de Cannabis medicinal devem fazer, diante do surto?
Os pacientes que fazem uso da Cannabis Medicinal devem manter a sua rotina de tratamento, conforme contextualizado anteriormente, pois isso determina uma proteção contra os sinais e sintomas da doença de base, que leva ao equilíbrio do corpo.
Além disso o nosso sistema endocanabinoide tem relação direta com o sistema imunológico, por meio da ativação dos receptores CB2 e isso tem sido objeto de vários estudos que mostram melhora importante de doenças ligadas a este sistema, dentro e fora do Sistema Nervoso.
A grande maioria das doenças tratadas com produtos à base de Cannabis para fins medicinais pertencem às doenças crônicas e devem ter cuidados adicionais já comentados. Os grupos de risco se concentram nas pessoas com mais idade e mais vulneráveis às infecções. Os profissionais da área de saúde permaneceram trabalhando sem interrupções, em especial os que atendem pacientes mais graves e contarão com o fornecimento de insumos e medicamentos pelas empresas responsáveis, como a HempMeds Brasil estará atenta a manter seus pacientes abastecidos. Conte com a gente!
Escrito por DR. Rubens Wajnsztejn
Médico neuropediatra formado pela Faculdade de Medicina da USP, mestre em distúrbios da comunicação humana pela UNIFESP, doutor em Ciências da Saúde pela FMABC, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil e especialista em autismo. Também é um dos primeiros prescritores de produtos de Cannabis com fins medicinais do país. Responsável pela área técnica da HempMeds Brasil.
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