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Março Roxo: Epilepsia e Produtos de Cannabis

Dia 26 de março é comemorado o dia mundial de conscientização da epilepsia, sendo o mês inteiro denominado como Março Roxo, visando colocar sob o holofote os portadores dessa doença. Essa campanha se iniciou em 2008 no Canadá, mas já aparece no calendário de diversos países. A campanha Março Roxo deste ano, promovida pela Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), quer conscientizar a população sobre a doença. Mas você sabe o que é epilepsia?

Em linhas gerais, epilepsia é o termo utilizado para designar uma classe de desordens neurológicas crônicas caracterizadas por uma atividade neuronal anormal, excessiva e hipersincrônica, podendo originar-se tanto em estruturas cerebrais corticais quanto subcorticais. O fenômeno epilético pode ser originado numa região limitada a um hemisfério cerebral (crise focal) ou envolver regiões de ambos os hemisférios (crise generalizada). Podem ocorrer crises tônico-clônicas que causam perda súbita da consciência, do controle postural, contração muscular e rigidez, ou crises de ausência onde se tem a diminuição súbita e breve da consciência, mas sem perda do controle postural. Outros tipos de crises epiléticas incluem as crises tônicas, atônicas e mioclônicas.

A epilepsia acomete aproximadamente 1% da população mundial e sua a incidência varia de acordo com idade, sexo, raça, tipo de síndrome e condições socioeconômicas. É conhecido que países em desenvolvimento, como o Brasil, têm maior prevalência e é estimado que até 2% dos brasileiros podem ter alguma síndrome epiléptica. É visto que cerca de 30% dos portadores de epilepsia não obtêm um controle adequado das crises com a terapia farmacológica tradicional disponível, apresentando assim quadro um quadro de epilepsia refratária ou epilepsia de difícil controle.

O Controle das Crises Epiléticas: E você sabia que os produtos de cannabis podem ajudar o paciente? As primeiras evidências que sustentavam a hipótese de que os canabinoides presentes na planta Cannabis poderiam ser importantes aliados no combate a crises epiléticas começaram a surgir no início da década de 1970, onde através da indução de eventos epilépticos em roedores, a atividade anticonvulsivante do canabidiol (CBD) foi constatada.

Um Pouco Sobre o Controle de Crises Epiléticas

Um dos primeiros trabalhos a verificar a capacidade de controle de crises epiléticas em pacientes com epilepsia refratária foi desenvolvido pelo grupo do professor, médico e pesquisador Elisaldo Carlini em 1980. De lá pra cá outros trabalhos, tanto em modelo animal, como em pacientes foram realizados, ficando consolidado o papel do CBD e de outros derivados na cannabis no controle de crises epilépticas. A nível farmacodinâmico, hoje entendemos que principalmente o CBD apresenta a capacidade de inibir a formação de ondas epileptiformes por atuar em receptores cerebrais específicos, além de promover uma acentuada diminuição da inflamação em células neuronais.

A partir dos anos 2010 o uso de produtos de cannabis no tratamento de pacientes portadores de epilepsia, principalmente as síndromes refratárias, se tornou uma realidade em diferentes países e os produtos de cannabis foram autorizados para uso. No Brasil o cenário não é diferente, e diversos médicos já prescrevem essa possibilidade farmacoterapêutica para seus pacientes que apresentam em termos gerais ótimos resultados, com elevada segurança e tolerância. É importante ressaltar que os pacientes além de apresentarem uma redução significativa na frequência, duração e severidade das crises, apresentam também ganhos cognitivos, motores, psicológicos e sociais.

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Escrito por Luzia Sampaio – MSL da HempMeds Brasil