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O poder do paciente como sujeito ativo em seu tratamento com Cannabis medicinal

Os médicos sempre estão acompanhando novos lançamentos de medicamentos. A informação de uma nova fórmula chega a eles até mesmo um bom tempo antes que o próprio medicamento esteja disponível, por meio de pesquisas científicas patrocinadas pela indústria farmacêutica. Esses estudos anunciam as novas moléculas estudadas na academia, os resultados de testes em animais (fase pré-clínica) e resultados de testes em humanos saudáveis e doentes (fase clínica). De posse desses conhecimentos técnicos, os médicos avaliam a possibilidade de indicação do medicamento para o seu paciente. Esse é o fluxo mais comum do processo de chegada de um fármaco na residência do paciente: a aquisição do conhecimento pelo médico, sua avaliação e a apresentação da possibilidade terapêutica para o paciente.

No entanto, vemos que a trajetória da Cannabis medicinal seguiu fora do padrão das pesquisas tradicionais de academia e indústria farmacêutica como aconteceu com medicamentos tradicionais, alopáticos.

Partes da planta já eram utilizadas há milênios devido às suas propriedades curativas. Nos tempos atuais, foi a prática dos pacientes que suscitou a busca por uma nova possibilidade terapêutica que levou aos novos olhares sobre os canabinoides. Para provar as verdadeiras propriedades terapêuticas da planta é que, em seguida, a ciência entrou em campo com as pesquisas científicas pré-clínicas e clínicas para explicar e dar embasamento ao ganho de qualidade de vida que os pacientes vinham apresentando.

Interessante notar que outro cenário positivo vem sendo criado no campo da medicina canabinoide na relação médico-paciente. Antes mesmo de muitos médicos conhecerem o poder terapêutico dos produtos de Cannabis medicinal, os pacientes e seus familiares levantam o questionamento sobre as propriedades do CBD e de outros canabinoides e a possibilidade de uso em determinadas condições clínicas. Levam esse questionamento aos seus médicos, movendo-os em direção à aquisição de conhecimento para poder orientá-los.

É fantástica a posição que o paciente toma diante da busca pelo conhecimento da sua doença, o porquê de determinados sinais e sintomas e a possibilidade de tratamento com o canabidiol e seus possíveis resultados. É claro, o paciente não tem a base teórica e a experiência técnica que o profissional da saúde tem para tomar a decisão sobre a terapêutica, mas passa a ser um agente mais ativo quando o assunto é uma opção de melhora.

O fato de questionar uma possibilidade de tratamento o leva a maior engajamento e adesão para que esse tratamento dê certo e leva consigo o médico que o acompanha, o qual passa a se interessar mais para engajar mais pacientes!

Muitos podem dizer que isso acontece porque as doenças pelas quais se indica o tratamento com canabinoides são aquelas onde os pacientes já tentaram outras tantas terapias e os produtos de Cannabis medicinal representam a reta final – ou seja, são indicados somente para doenças refratárias aos medicamentos tradicionais, depois que tudo já foi tentado, conforme determinado pela Anvisa. Aí é que se enganam, pois há um desejo que, em um futuro próximo, tenhamos a busca pela Cannabis medicinal como primeiro tratamento para ansiedade, insônia, dores crônicas, além de muitas condições inflamatórias. Daí, o profissional que estiver bem preparado, seja do ponto de vista de estar bem informado ou ter a prática da prescrição de Produtos de Cannabis, sairá na frente.

Na medicina canabinoide, enxergo que a pró-atividade do paciente é uma realidade extremamente positiva e que contribui significativamente para despertar o conhecimento no meio médico.

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Escrito por Dra. Adriana Grosso

Medical Science Liaison, MSL, na HempMeds Brasil.